segunda-feira, 1 de julho de 2013

As boas novas são boas obras

"Tornei-me tudo para com todos,
para de alguma forma salvar alguns."
(I Coríntios 9.22)

Para Paulo afirmar o que acabamos de ler no texto, ele compreende bem o que são as boas novas: as boas novas do mestre são as boas obras do mestre.

O evangelho de Jesus Cristo está em sua própria prática ministerial, pois é por ela que o Senhor anuncia e demonstra a chegada do reino de Deus (Marcos 1.15ss).

 A revelação de suas palavras preparava o coração das pessoas para perceberem o que a sua prática lhes dizia. Assim como a conversão não acontece enquanto não haja a atitude de mudar de direção, as boas novas não são boas novas quando se limitam apenas ao discurso e à pregação.

O evangelho é a amostragem do novo caminho, que é vivo, prático e libertador. Vivo porque revela algo diferente e inovador, que rompe e destrói as barreiras religiosas que limitam e deformam pessoas, ao invés de formar e reformar, a fim de que se tornem parte de um organismo vivo, de um corpo operante em obras de justiça; Prático porque, pelo exemplo dos discípulos de Jesus, encoraja pessoas a se tornarem aprendizes multiplicadores da graça, dirigindo-as a um novo jeito de ver e agir frente a problemas vividos pela sociedade, assumindo a responsabilidade de encontrar ou ser a própria solução para os problemas; e, também, esse evangelho é libertador porque propõe trazer para a luz de uma nova vida o que vive nas trevas da opressão e da ignorância (da falta do conhecimento da verdade).

O efeito do evangelho é mais do ajuntar uma multidão frenética diante de um palco. É tomar a forma de ramos ligados à árvore que Cristo denomina ser, para dar frutos de justiça não abstratos, não virtuais ou televisivos, mas palpáveis, observáveis, nascidos de atos que glorifiquem a Deus e declarem que o seu Reino chegou. É servir, na pessoa de Jesus àqueles que estão em sua pessoa. Como ele mesmo disse (Mateus 25.35-40): 
 
“Eu tive fome, e vocês me deram de comer;
Eu tive sede, e vocês me deram água;
Eu era um estranho, e vocês me convidaram para suas casas;
Eu estive nu, e vocês me vestiram;
Eu estive doente, na prisão, e vocês me visitaram'.
Então esses justos me responderão: 'Senhor, quando foi que nos alguma vez vimos o Senhor com fome, e Lhe demos de comer? Ou com sede, e lhe demos alguma coisa para beber?
Ou como estranho, O socorremos? Ou nu, e O vestimos?
Quando foi que alguma vez vimos o Senhor doente, ou na prisão, e O visitamos?
E Eu, o Rei, lhes direi: 'Quando vocês fizeram isso ao menor destes meus irmãos (compatriotas), estavam fazendo a mim!'.


Viver o evangelho é aliviar o sofrimento, salvar e acolher os que vivem na opressão das nossas estruturas políticas e religiosas, que esmagam o que não se vale de força para reivindicar sua dignidade humana, de poder ser capaz de se incluir, ou ser incluído quando não é capaz de fazê-lo sozinho numa sociedade que privilegia uns em detrimento de outros. Este é o Reino daquele que criou a humanidade e deseja vê-la boa, perfeita e agradável como a sua vontade. Isso é evangelho!
Assim, entendendo os passos de Jesus, Paulo não exige que as pessoas saibam primeiro João 3.16 para poder então ajuda-las, não exige que elas primeiro participem de um culto para poder encher as suas barrigas com uma sopa, não lhes exige ouvir primeiro a pregação para poder então receber ajuda, porque a ação de ajudar, salvar, acolher, suprir é a própria mensagem que anuncia que o Reino de Deus CHEGOU!

O evangelista não exige, simplesmente serve. Simplesmente afirma: “Tornei-me tudo para com TODOS”. Por isso Paulo busca as pessoas no lugar em que elas verdadeiramente se encontram. Aquilo que Jesus realizou de maneira simples e magnífica em milagres, curas, assistência aos necessitados, visitações, orações, doações e muita libertação, Paulo entendeu que era através disso que a mais significante revelação de Deus chegava ao coração das pessoas! As obras, o testemunho, enfim a prática do evangelho declarava e declara: O Reino de Deus Chegou. Ele Reina!

Ao afirmar “Tornei-me tudo para com todos” ele disse sempre estar disposto a realiza as obras de Cristo em socorro a todas as pessoas com quem se depara. Ele foi capaz de chegar até as pessoas em seu ambiente, sem se sentir superior, sem preconceito, sem esnobar ou com a pretensão de se mostrar melhor ou mais digno diante delas. Ele aprendeu com Jesus a ser amigo de bêbados, de ladrões, de usuários de ópio e de prostitutas, e viver com eles não para ser mais um, mas para mostrar que o Reino de Deus também chegou até eles.

Paulo assumiu a postura de um cristão anunciador do Reino, pois sendo um israelita e ex-fariseu, conseguiu viver e anunciar o Reino de Deus entre romanos, gregos, entre pessoas na Itália, na Espanha, na Ásia em suas viagens missionárias, tornando-se como água para penetrar na cultura local para fazer uso dela em sua comunicação. É por isso que Paulo afirma falar mais línguas, idiomas do que todos na Igreja de Corinto. (I Coríntios 14.18) Porque as línguas são expressões culturais e Paulo fazia muitas viagens para muitos lugares diferentes.
 
Em sua missão Paulo investigava elementos da cultura das pessoas. Como quando ele entrou em Atenas:

Atos 17.22-24: Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: "Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio. "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas.”

Paulo observa o jeito de ser da comunidade local para poder então fazer uma conexão entre a mensagem e o coração das pessoas. Como uma ponte de acesso construída sobre o amor e não sobre o preconceito dos que dizem: Se quiser é desse jeito que ajudamos! A ajuda também é a mensagem; facilitar o acesso e a compreensão é a mensagem, pois é o amor na prática! O objetivo de Paulo era ganhar.

Não se trata aqui de ganhar para somar pessoas ao número do rol de membros da Igreja. Não era fazer uma multidão! Mas ganhar para essencialmente “salvar” e fazer discípulos de Jesus Cristo, multiplicadores da Mensagem em boas obras para expandir o Reino de Deus!

Observando a maneira como Paulo Evangeliza, aprendemos vários princípios importantes para o nosso ministério:

(1) Encontrar pontos comuns com as pessoas que nos relacionamos;
•  Observar a cultura local;
•  Ser atento a datas comemorativas;
•  Desenvolver práticas esportivas.
•  Etc.
(2) evitar a atitude do sabichão;
• Ouvir mais;
• Falar o necessário sem se sentir superior ao outro;
• Mostrar-se disponível a ajudar;
• Etc.
(3) procurar que outros se sintam aceitos;
• Agir sem preconceitos;
• Ser hospitaleiro;
• Desejar boas vindas com o coração;
• Etc.
(4) ser sensíveis a suas necessidades e preocupações;
• Ser bom ouvinte;
• Demonstrar compaixão;
• Focar necessidades,
• Não tomar o problema para si;
• Procurar soluções práticas em conjunto (envolver o necessitado na busca de soluções quando possível; caso não, busque a ajuda de outras pessoas sem prometer que vai trazer solução).
 (5) procurar oportunidades para lhes falar de Cristo.
• Conversas informais;
• Estudos Bíblicos;
• Eventos ao ar livre;
• SEJA CRIATIVO!

Paulo afirma que isso é uma tarefa árdua e difícil. Mas se considerava cumpridor da missão em afirmar que a sua finalidade, por todos os modos, era salvar alguns.

Sejamos imitadores de Cristo, assim como Paulo o foi! Tenhamos sensibilidade para enxergar a nossa localidade, as pessoas que vivem aqui e com quem temos contato cuidadosamente. Com amor, busquemos criar pontes de acesso entre a Palavra e o coração das pessoas lá onde elas estão. Vamos sempre procurar meios eficazes e simples para salvar, ajudar, levar alívio, alento, paz, alimento, vestimenta para os que precisam.
 
Se fizermos isso, se cada um colocar esse objetivo em seu coração e encarar a missão de Paulo de salvar alguns, juntos poderemos salvar todos!